sexta-feira, 23 de março de 2012

A oração do Pai Nosso à partir da música literária dostoiévskiana


Cansado das meras repetições, monotonia e falta de criatividade durante as conversações com o Sagrado, um jovem discípulo perguntou a Jesus: Mestre! Como devemos falar com Deus de forma mais criativa? Então aquele sábio rabi explicou que oração é como performance através da composição instantânea. Para isso, é necessário profundo domínio de campos harmônicos contextuais além de ter atenção auditivo\visual para o ostinato existencial Pai, pão e perdão. A partir desses elementos, o místico pode recorrer à criatividade, liberdade estética delimitada e bom gosto.
Jesus advertiu também sobre os procedimentos a serem observados no âmbito da oração\confissão individual\solitária e coletiva. Ele exemplificou citando um trecho de Dostoievski citado por Thomas Mann:
“Há coisas nas memórias de qualquer pessoa que esta não revelará para todos, no máximo para seus amigos. Há coisas também que ela não revela nem aos amigos, no máximo para si mesma, e ainda sob o selo do segredo total. Finalmente, há coisas que o homem tem vergonha de revelar a si mesmo, e cada indivíduo vai colecionando uma quantidade bastante grande dessas coisas. Sim, podemos até dizer que, quanto mais correta for uma pessoa, maior será o número dessas coisas”. (DOSTOIÉVSKI citado por THOMAS MANN).
Então todos disseram amém com moderação e entenderam o recado.

Bibliografia.
MANN, Thomas. O escritor e sua missão. Goethe, Dostoievski, Ibsen e outros. Tradução: Kristina Michahelles. Apresentação, revisão técnica e notas: Johannes Kretschmer. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, página 130.
SÃO MATEUS capítulo 6, versículos 9 a 13. Bíblia Sagrada.

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